Oie, tudo bem por aí?
Faz tempo que estou tentando escrever essa newsletter, voltar para esse espaço que gosto tanto! E, agora, aqui no Substack, rede que eu curto muito. Acontece que eu estava (estou) congelada, paralizada. E a maior parte desse iceberg tá no meu trabalho aqui na Mina de HQ. Principalmente na parte que todo mundo vê. Talvez você tenha percebido que desacelerei as redes sociais, os textos novos no site, o envio da newsletter, as edições do clube de leitura, a venda e distribuição da revista…
Ao mesmo tempo, estão acontecendo coisas MUITO legais e me deu vontade de vir aqui contar para vocês:
Primeiro de tudo: estou indo segunda-feira para a Espanha como convidada do Congreso Internacional sobre Genealogías Feministas del Cómic, organizado pela Universidad Complutense de Madrid, coordenado pela incrível jornalista, crítica e pesquisadora espanhola Elisa McCausland. Na quarta, dia 24, vou falar sobre o trabalho que faço há nove anos na Mina de HQ na mesa de encerramento do evento, sobre publicações feministas, ao lado de Laura Nallely Hernández Nieto (México), Flor Coll (España-Argentina) e Nicoletta Mandolini (Portugal), em um papo moderado pela pesquisadora María Márquez.
Vai ter MHQ também no maior evento acadêmico de gênero no mundo, o Seminário Internacional Fazêndo Gênero, da Universidade Federal de Santa Catarina, de 29/07 a 02/08, aqui em Florianópolis. Teremos uma mesa de debate chamada “Mina de HQ: Por que não há grandes quadrinistas mulheres?” e estarei ao lado dar incríveis pesquisadoras Dani Marino, Samanta Coan, Cintia Lima Crescêncio e Nara Bretas Lage.
Cintia, inclusive, publicou um artigo sobre a Mina de HQ na revista acadêmica Cultura e Bárbarie, edição “A internet como campo de disputas de gênero”, que tem prefácio de Lola Aronovich.
Sabia que existe cerca de 40 trabalhos acadêmicos (até agora) que citam ou são sobre a Mina de HQ?!
Escrevi o prefácio da edição brasileira de Radium Girls, HQ que conta a história de operárias norte-americanas que foram envenenadas por rádio mostra a luta delas por justiça. O livro vai ser lançado pela editora Moby Dick e vale muito destacar o traço, os cenários e as texturas em lápis de cor da quadrinista e designer gráfica francesa Cy.
Tive a honra de editar o livro e escrever o posfácio de Apicultura, edição brasileira da HQ curta e potente com desenhos da cearence Débora Santos, que finalista ao prêmio de Melhor História Curta do Prêmio Eisner em 2023. Corríamos o risco de ter acesso apenas à versão original em inglês e é uma ótima notícia que a Tábula Editora vai publicá-la por aqui.
Passei para a segunda fase de seleção da Jornada Galápagos de Jornalismo 2024, uma imersão em conteúdos sobre Inteligência Artificial e ESG na comunicação, divididas em masterclasses, oficinas, painéis e entrevistas com palestrantes renomados em suas áreas de atuação, além de um laboratório de criação. Agora é torcer para eu estar entre as pessoas finalistas - mas já me sinto muito vitoriosa de ser uma das 200 escolhidas entre as mais de 1600 pessoas inscritas!
Me bateu um siricutico e eu comprei passagem para ir para Belo Horizonte e participar do FIQ - Festival Internacional de Quadrinhos, que acontece de 22 a 26 de Maio. Não consegui me increver para ter mesa e vender a revista, mas estarei lá!!!
Não é pouca coisa. Mas, por não estar aparecendo onde a Mina de HQ costuma estar mais em evidência, parece que eu sumi totalmente…
Então, voltando ao meu estado de congelamento. Dia desses, vi um post da Revista Tpm sobre a linguagem do stress, que mostra “os padrões de comportamento que adotamos para nos expressar quando a vida nos tira do sério”. Tipo um teste para identificar nosso modo de lidar com situações difíceis e tentar reequilibrar o estado físico e emocional. Acho que todo mundo meio que faz de tudo um pouco do que mostra o post. Tem gente que, quando dá ruim, luta ou foge ou sai agradando todo mundo. Nesse momento percebi congelar tem sigo minha linguagem.
Estou passando por um dos momentos mais desafiadores (para usar um termo elegante) da minha vida. Uma ruptura muito estrutural, que veio em meio ao turbilhão (maravilhoso e assustutador) da maternidade. E que tem me obrigado repensar e reorganizar muitas coisas.
Enfim, não tô bem e travei.
A Mina de HQ é um projeto independente que eu faço há nove anos, desde 2015 (!) praticamente sozinha. Conto com a ajuda de algumas poucas (e muito essenciais) pessoas, mas sou eu a responsável por tudo, pela criação de conteúdo, atualização de todos os canais, produção da revista, organização do clube de leitura, administrativo e financeiro, elaboração de projetos especiais, logística da lojinha, participação em eventos etc etc etc. Os últimos dois anos foram INCRÍVEIS, ganhei Troféu HQMix, fui finalista do Prêmio Jabuti, participei duas vezes como convidada da CCXP, fiz projetos em parceria com grandes marcas, recebi feedbacks emocionantes das artistas sobre a importância do meu trabalho. Mas projeto pessoal e independente é assim, a gente acaba misturando a vida pessoal com o trabalho e colhendo os frutos bons e ruins disso... Pela primeira vez em quase uma década, minha vida pessoal me pediu (exigiu) pausa por aqui e autocuidado.
Nem sei até que ponto é bom me abrir assim. Mas escrevi esse textão desabafo porque me sinto em dívida com vocês. E, ainda mais, com as artistas e com quem apoia a MHQ mensalmente. Espero, de coração, que vocês possam me entender.
A boa notícia é que eu não decidi acabar com a Mina de HQ, não. E estou juntando forças para voltar a produzir conteúdo, trabalhar em novos projetos e formatos e seguir com a nossa rede de conexões.
Mando mais notícias em breve, prometo. PROMETO.
Deixo aqui duas dicas de quadrinhos para você ler enquanto isso (resenhas escritas por Dani Marino e eu):
Pigmento, de Aline Zouvi, lançamento maravilhoso do selo Quadrinhos na Cia.
Patos, de Kate Beaton, publicada pela Editora WMF Martins Fontes no ano passado.
E, claro, tem muuuuuuuito conteúdo lá no nosso site: minadehq.com.br
Um abraço forte e muito obrigada pela compreensão!
Gabi Borges
Fundadora e editora-chefe da Mina de HQ